A falta de chuva que afeta a vida de milhões de brasileiros no Nordeste tem deixado também marcas profundas na atividade econômica. E não é só na agricultura e na pecuária, como a repórter Beatriz Castro, no interior de Pernambuco, mostra.
A
estiagem secou todos os reservatórios em São Bento do Una, no agreste de
Pernambuco. O colapso no abastecimento provocou uma crise sem precedentes no
município que mais produz ovos e carne de frango no Nordeste. As granjas
desativadas se multiplicam, levando prejuízo a uma região que chegou a produzir
dois 2,7 milhões de ovos por dia e 350 mil frangos por semana.
“Em
outros temos, a matéria-prima encarecia, mas tínhamos água”. Lembra o avicultor
Fernando Vilela Sobral.
A água
tem que ser comprada em outros municípios. Só uma granja passou a gastar R$ 1,8
mil por semana. Os bebedouros são disputados.
“S não
melhorar vai ter que fechar, porque água não tem, e ração é cara”, diz Joelson
Lima da Silva, gerente da granja.
O
prejuízo é maior para os criadores de frango para o abate. Ao todo, 40% das
duzentas e 12 granjas pararam a produção.
Osório
demitiu os três funcionários, e os quatro galpões onde deveriam estar 11
mil aves ficaram vazios. Até as granjas maiores estão fechando. Em uma, os 12
funcionários foram demitidos. A produção de 120 mil frangos foi suspensa.
“A gente
enfrenta crises, mas passageiras, e essa está duradoura, e a expectativa de
chuva é ruim”, destaca o avicultor José Francisco de Oliveira.
A crise
na avicultura parou o comércio da cidade e a situação se agrava a cada dia sem
chuva.
“Se não
chover nos próximos 90 dias, teremos um colapso total”, alerta Acácio Melo,
secretário de desenvolvimento econômico.