João Marcelo Pires, Waldir Xavier e Bruno Coelho da Silveira, na coletiva (Foto: Katherine Coutinho/G1 PE) |
Do G1
O radialista e humorista Rodrigo Vieira Emerenciano, mais conhecido como Mução, disse se sentir "aliviado com o desfecho judicial que reconheceu a minha absoluta inocência". A informação estava na carta divulgada pelos advogados Waldir Xavier e Bruno Coelho da Silveira e do empresário João Marcelo Pires em coletiva de imprensa na tarde deste sábado (30), no Recife. O advogado disse que Mução passa bem e ficou chocado ao saber da participação do irmão, que assumiu ser o responsável pela troca de imagens pornográficas pela internet. Rodrigo teve a prisão temporária revogada pela Justiça Federal em Pernambuco e foi solto na noite da sexta-feira (29), no Recife.
Segundo os advogados, Rodrigo ainda não conversou com o irmão. "Ele está repousando, se recuperando emocionalmente e fisicamente desse baque", disse Waldir Xavier. "Não é falta de respeito [ele não ter vindo]. Rodrigo tem um personagem radiofônico, a imagem dele, os próprios fãs não o conhecem, o verdadeiro encanto dele é esse. Apesar do personagem ter voz de uma pessoa idosa, ele é um jovem", esclarece Xavier.
O advogado disse ainda não se preocupar com possíveis investigações da Polícia Federal em relação ao cliente. "Eu não vejo mais o que ser investigado ao Rodrigo. Não há, da parte dele, nenhum temor quanto a uma investigação que continue a ser feita. A verdade foi reestabelecida, Rodrigo está de alma lavada", afirmou Waldir.
O programa de Mução é transmitido por 56 emissoras do Nordeste. A perspectiva é que agora o humorista retome a carreira, a partir de segunda-feira. O advogado explicou que a defesa do irmão de Mução não pode ser feita pela mesma equipe. "Juridicamente nossas teses são conflitantes. Creio eu que ele já tenha constituído algum advogado", comentou.
Nota de Mução:
Aliviado com o desfecho judicial que reconheceu a minha absoluta inocência em relação às graves acusações que me foram injustamente imputadas, venho a público agradecer aos meus fãs, espalhados por todo o mundo, pelo apoio irrestrito e confiança na minha palavra.
Da mesma forma, gostaria de firmar agradecimento à imprensa que agiu com prudência e esperou a elucidação dos fatos; e aos meus patrocinadores e afiliados, que em nenhum momento retiraram seu apoio profissional e pessoal.
Por fim, reitero o meu repúdio a qualquer conduta voltada à inaceitável prática de pornografia e pedofilia.
Rodrigo Viera Emerenciano
Entenda o caso
O humorista foi detido em Fortaleza na quinta-feira (28), depois de ter a prisão temporária decretada pela Justiça Federal em Pernambuco durante a operação Dirty-Net, realizada em 11 estados e no Distrito Federal há cerca de ses meses. Ao todo, 18 pessoas foram detidas, no Rio Grande do Sul (duas em Porto Alegre, uma em Esteio e duas em Santa Maria), Minas Gerais (três prisões), Paraná (uma em Foz do Iguaçu), São Paulo (uma na capital), Rio de Janeiro (duas na capital) e Espírito Santo (uma na Grande Vitória).
Rodrigo morava no Recife até se mudar para Fortaleza, onde estaria há cerca de três meses. Mução chegou ao Recife por volta das 8h40 desta sexta (29). Ele depôs durante a manhã, houve um intervalo no horário do almoço e o depoimento continuou até a noite.
Por volta das 20h desta sexta-feira (29), os advogados Valdir Xavier e Bruno Coelho da Silveira, que representam o radialista, chegaram à sede da PF em Pernambuco para entregar aos investigadores um mandado expedido pela 13ª vara da Justiça Federal em Pernambuco, revogando o pedido de prisão que mantinha o humorista detido. Eles deixaram o local, acompanhados de Mução, por volta das 21h, para fazer os exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal.
Como o inquérito envolve crianças e adolescentes, corre em segredo de Justiça. A PF identificou o irmão como suspeito pelos crimes na metade do dia - suspeitava-se que fosse uma pessoa próxima e as investigações chegaram ao nome do rapaz, que confessou o crime. O irmão de Mução tem 23 anos, é engenheiro de computação e, segundo a PF, não tem naficha nenhuma ocorrência ligada a pedofilia. Ele não foi preso porque não houve flagrante e porque confessou o crime. O rapaz deve ser indiciado pelo artigo 241B do Estatuto da Criança e do Adolescente, cujo crime é disponibilizar arquivos contendo imagens de sexo explícito envolvendo crianças e adolescentes. A pena prevista é de 4 a 10 anos de reclusão.
De acordo com a Polícia Federal, comprovaram-se acessos feitos de várias residências e do escritório de Mução.